InícioReflexão BíblicaSolenidade da Assunção de Maria

Solenidade da Assunção de Maria

Neste domingo celebramos a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao céu, uma das últimas verdades de fé definidas pela Igreja, pelo papa Pio XII em 1950. Também rezamos, neste terceiro domingo de agosto, mês vocacional, pelos religiosos e religiosas que consagram a vida na doação total a Deus e aos irmãos, nos três conselhos evangélicos: castidade, pobreza e obediência, como manifestação dos valores do Reino de Deus.

A elevação de Maria ao Céu, é graça divina, é a realização da vitória do ressuscitado na vida da sua querida mãe, mas também resposta humana: Maria, que esteve sempre associada ao seu filho Jesus na vida terrena, é elevada por Ele, permanece junto dele na vida celeste. Ela correspondeu ao projeto de Deus. Em Maria, vence a humanidade que é fiel ao projeto que Deus tem para todos os seres humanos. Na humanidade de Maria, a nova Eva, ocorre a vitória da humanidade. Não podemos esquecer isso, pois em alguns períodos da história, Maria foi apresentada quase como uma pessoa divina, subestimando-se a beleza e a riqueza da sua humanidade, que o Documento de Aparecida restitui, valorizando nela o aspecto do discipulado, descrevendo-a na sua beleza humana como discípula-missionária, que se preocupa com a vida dos nossos povos; qualifica-a como a discípula mais perfeita do Senhor, seguidora mais radical de Cristo (Cf. DAp n. 266 e 270).

O Evangelho desta Solenidade afirma, no início, que Maria partiu apressadamente para a região montanhosa, dirigindo-se ao povoado onde residiam Zacarias e Izabel. Narra o encontro das duas mulheres agraciadas de modo extraordinário com o dom da maternidade, uma jovenzinha e outra idosa, e o diálogo ocorrido, cheio de alegria e gratidão. No ventre delas pulsam Jesus e João Batista. O texto termina afirmando a permanência de Maria durante três meses na casa de Isabel.

Lucas destaca, no centro do seu texto, o encontro das duas mulheres: Maria e Isabel. Os homens não participam da cena, aparecem somente citados. O papa Francisco aprecia muito a cultura do encontro, entendida como caminho que integra, valoriza os dons de cada pessoa que tem algo a oferecer e também sempre tem algo a receber. Em Maria, Deus encontra o seu povo e vem morar definitivamente na nossa história, jamais nos abandona. No seio de Maria, Jesus se faz carne e arma sua tenda entre nós. A presença de Deus não está mais estaticamente restrita ao templo de pedras em Jerusalém, mas a um templo vivo, o corpo de Maria. Antes de partir ao encontro de Isabel, Maria recebe a visita do Anjo Gabriel. Aquela que é encontrada, visitada e habitada por Deus, também se dispõe a caminhar, a encontrar outras pessoas, a levar Jesus, a servir, movida pelo encanto da alegria que vibra no seu coração e a impele a levar essa alegria aos outros. Diz o querido papa Francisco que ninguém pode ser excluído da alegria trazida pelo Senhor (Cf. Evangelii Gaudium n. 03).

Que belo encontro dessas duas mulheres! Encontro entre o antigo e o novo; encontro entre a memória que se transmite e a esperança que se realiza no hoje da nossa história. Desse encontro brota a gratidão a Deus na oração colocada por São Lucas nos lábios delas: uma parte da Ave-Maria, a oração mais querida do nosso povo católico, proferida por Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! ” (v. 42); e o Magnificat, proclamado por Maria, cantando a ação de Deus que nunca se esquece do seu povo, que é sensível à dor e ao sofrimento dos pequenos. Que destrona os poderosos e levanta os decaídos.

Na mensagem dirigida neste ano para o III Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, em sintonia com a temática da Jornada Mundial da Juventude – “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1,39) – recém ocorrida em Portugal, o papa Francisco fala do abençoado encontro entre a jovem Maria e sua parenta idosa, Isabel[1]. Diz que “o Espírito Santo abençoa e acompanha todo o encontro fecundo entre gerações diversas, entre avós e netos, entre jovens e idosos. De fato, Deus quer que os jovens, como fez Maria com Isabel, alegrem os corações dos anciãos e extraiam sabedoria das suas experiências. Mas o primeiro desejo do Senhor é que não deixemos sozinhos os idosos, que não os abandonemos à margem da vida, como hoje, infelizmente, acontece com demasiada frequência”. O papa afirma que a amizade da pessoa idosa ajuda a pessoa jovem a alargar os horizontes, a olhar além do momento presente e a ter consciência de que nem tudo depende das suas próprias capacidades. Diz também que a presença de um jovem na vida dos mais velhos traz esperança de que o que viveram não ficará perdido, de que os seus sonhos se realizarão. Para o papa Francisco, a visita de Maria a Isabel, com a consciência de que a misericórdia de Deus atravessa as gerações, mostra que não podemos salvar-nos sozinhos, e que a intervenção divina ocorre na história de um povo. No canto de gratidão proferido por Maria manifesta-se essa certeza: as promessas feitas a Abraão se realizam (cf. Lc 1,51-55).

Na Solenidade da Assunção de Nossa Senhora celebramos o encontro definitivo de Maria com Deus. Esse encontro acontece por graça, mas também porque ao longo da vida Maria buscou encontros humanizadores. Ela foi elevada, subiu ao céu, porque desceu, porque se fez serva, seguindo o exemplo do seu Filho, indo ao encontro dos preferidos do Pai.

Hoje rezamos especialmente pelos religiosos e religiosas, pessoas que, chamadas por Jesus e, como Maria, consagram a vida a Deus servindo aos irmãos mais pobres e testemunhando o desapego aos bens materiais. Manifesto minha gratidão a todos e todas que disseram sim ao chamado de Deus e se colocaram a serviço aqui na nossa Diocese.  Rogo ao bom Deus que mais pessoas respondam generosamente ao chamado divino para essa vocação.

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