Na última quarta-feira, 03 de março, o bispo emérito de Goiás, Dom Eugênio Rixen, concelebrou com Dom Jeová Elias, bispo diocesano e com os padres Augusto, Denis Divino e Frei Vanderlei O.P, na Catedral de Sant’Ana, na cidade de Goiás. A missa foi em ação de graças pelos 25 anos de sua Ordenação Episcopal.
A data de ordenação é 25 de fevereiro, porém, como Dom Eugênio estava em viagem, a missa foi agendada para o dia, 03 de março, às 10horas. A princípio, a celebração teria participação do povo, mas, devido ao aumento dos casos da Covid-19, foi restrita e transmitida pela Rádio 13 de Maio e pelas redes sociais da Paróquia de Sant’Ana. Dom Eugênio foi sagrado bispo em 25 de fevereiro de 1996, por Dom José Carlos Castanho de Almeida que foi Bispo auxiliar de Assis por três anos e Administrador Apostólico da Prelazia de São Felix, entre 2011 e 2012.
Em sua homilia, Dom Eugênio destacou que o evangelho nos convida a fazer de nossa vida um serviço. Ressaltou os momentos fortes em seu ministério presbiteral e episcopal e, concluiu manifestando sua gratidão a todas as pessoas que foram presença em sua vida, ajudando-o a viver sua missão.
Confira na integra a homilia de Dom Eugênio Rixen.
MISSA JUBILEU DE PRATA DE DOM EUGÊNIO RIXEN
VIRTUAL
Mt 20,17-28; Jr 18,18-20; Salmo 30
HOMILIA
Catedral de Goiás, 03 de março de 2021
(por ocasião dos 25 anos de ordenação episcopal)
Esta missa é um momento de ação de graças por tudo o que Deus pode realizar através de mim durante estes 25 anos de vida episcopal: 3 anos em Assis (SP), como bispo auxiliar e quase 22 anos como bispo diocesano da diocese de Goiás (GO).
O evangelho de hoje nos convida a fazer de nossa vida um serviço: “O Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos”, e ainda “Quem quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês. Quem quiser ser o primeiro, deve se tornar o servo de vocês”.
Jesus dá estes conselhos, após o pedido da mãe dos filhos de Zebedeu, Tiago e João: “Promete que meus dois filhos se sentem um à direita e outro à tua esquerda do teu Reino!”. Tiago e João queriam poder, não para servir, mas para dominar. Eles ainda não tinham compreendido o mistério da cruz: “Eis que o Filho do Homem vai ser entregue, os chefes dos sacerdotes e os doutores da lei o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos para zombar dele, flagelá-lo e crucifica-lo. Ao terceiro dia, ele ressuscitará!”.
A cruz, a entrega e o serviço estão no centro do nosso seguimento de Jesus: “Se alguém quiser me seguir, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e me siga!”.
Minha vocação nasceu ainda na adolescência quando vi o filme e li o livro sobre a vida do padre Damião de Veuster, apóstolo dos hansenianos, dos leprosos. O padre Damião foi morar na “ilha maldita” junto com aqueles(as) que as autoridades isolavam e abandonavam na ilha de Molokai. Ele mesmo acabou contraindo a doença e se tornou um deles com esta terrível doença que desfigurava as pessoas e os levavam à morte.
Outro fato que me marcou foi o encontro com Dom Helder Camara, arcebispo de Olinda-Recife, em 1980. Quando lhe perguntei: “Dom Helder, acabo de chegar da Bélgica para trabalhar no Brasil, o que o senhor acha que preciso fazer?” Na sua simplicidade, ele me respondeu: “Fique no meio dos pobres, eles vão te ensinar o que você precisa fazer!”.
Para ser fiel a esse chamado de Dom Helder, nestes 40 anos de vida no Brasil, me comprometi:
– com a luta dos sem-terra, ajudando a ter mais dignidade para o homem do campo;
– com os soro-positivos, levando vida e esperança àqueles que foram infectados pelo vírus HIV;
– com os portadores de deficiência física e intelectuais através do grupo “Fé e Luz”, valorizando estas pessoas e dando apoio aos familiares;
– com os dependentes químicos, drogados e alcoólatras, ajudando-os a sair desta terrível dependência que destrói a pessoa e a família.
Ainda jovem, descobri que só podia ser feliz fazendo o bem aos outros. Quis colocar minha vocação presbiteral sob as luzes das palavras de Jesus: “não tem maior amor do que dar a sua vida!”.
Também, desde o início do meu ministério presbiteral, investi na formação catequética das crianças, dos adolescentes, dos jovens e, ultimamente, dos adultos. Sem um profundo conhecimento das atitudes e sentimentos de Jesus, não é possível se tornar verdadeiros discípulos d’Ele. As Sagradas Escrituras são os livros que nos ajudam a encontrar Deus.
Desde que cheguei ao Brasil, sempre me envolvi na formação dos futuros presbíteros. O papel do padre é fundamental para a vida das nossas comunidades. Sonho com padres que têm uma profunda experiência de encontro com Jesus Cristo e um profundo compromisso com o povo, especialmente os que mais sofrem. Tive a alegria de ordenar mais de 20 padres, dos quais 16 estão atuando na diocese, diáconos que estão a serviço de várias pastorais na diocese. Um deles, o diácono Expedito, faleceu. Outro, o diácono Amarildo, está passando, junto com sua esposa Andréia, por muitas dificuldades por causa da perda, nestes últimos dias, de sua filha. Durante estes anos, várias congregações religiosas vieram para a diocese para ajudar na evangelização.
Em 1990 tive a oportunidade de fazer um retiro de um mês na linha da espiritualidade inaciana e, depois, passei 4 meses no Mosteiro da Anunciação, aqui em Goiás. Este longo tempo de oração me ajudou muito a aprofundar minha espiritualidade. Bebi, à época, da espiritualidade de São Bento e de Santa Teresa d´Ávila. Descobri mais profundamente que o Senhor me tinha seduzido e que Ele se tornou cada vez mais a grande paixão da minha vida. Tentei, com minhas pobres limitações, transmitir aos outros, este amor de Deus por mim. Sem esta força da Deus, acredito que não teria tido a coragem necessária para cumprir a minha missão.
Agradeço a Deus todas as pessoas que se fizeram presentes na minha caminhada e que me revelaram o rosto amoroso de Deus. Foram muitos(as) leigos(as) dedicados no trabalho de evangelização e da promoção social, muitas religiosas comprometidas com o povo nas periferias das nossas cidades, muitos diáconos engajados no serviço da Palavra e dos pobres, muitos padres apaixonados pela missão.
Agora me coloco a serviço da diocese no que for preciso, enquanto Deus me der saúde e vida. “Eis-me aqui, Senhor!”. “Maranatha! Vem Senhor Jesus!”.