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”Palavras de alegria e gratidão”, disse Dom Jeová dirigiu em mensagem ao Povo de Deus da Diocese de Goiás

No último dia 22 de agosto, foi ordenado bispo Pe. Jeová Elias Ferreira, na Catedral Nossa Senhora Aparecida, em Brasília. Dom Jeová foi nomeado bispo diocesano de Goiás, sucedendo Dom Eugenio Rixen, que teve sua renúncia aceita pelo Papa Francisco em maio deste ano.

Ao fim da celebração Dom Jeová dirigiu ao povo presente e aos que acompanhavam pelos meios de comunicação social, seu primeiro pronunciamento como bispo. Iniciou sua fala externando sentimento de alegria e palavras de gratidão e ternura. Pontuando: “Passado o susto, pude experimentar o novo sentimento, a alegria de ser chamado por Deus. […] Destacou ainda: “Nestes últimos meses, desde o dia 18 de maio, voltei a experimentar a inquietude juvenil, diante do anúncio da minha indicação como bispo para a histórica Diocese de Goiás e posterior nomeação.” […] O primeiro sentimento que assolou o meu coração foi de medo e de que a missão que Deus me pedia comportava cruzes.”

Confira na integra o pronunciamento de Dom Jeová

Saúdo, com ternura e gratidão, a todas as pessoas presentes e àquelas que gostariam de estar aqui, mas, em vista da pandemia, foram impossibilitadas e nos acompanham pela TV Canção Nova e Pai Eterno; pelas rádios Canção Nova, Nova Aliança, 13 de maio, e pelas demais mídias (minha gratidão a estas emissoras pela transmissão). Uma saudação especial ao povo da Diocese de Goiás e aos irmãos bispos, presbíteros, religiosos e leigos das diversas comunidades da nossa Arquidiocese de Brasília, particularmente das paróquias onde pude servir como pároco: Santíssima Trindade, na Ceilândia; Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em Sobradinho e Nossa Senhora de Nazaré, em Planaltina.

Há quase 29 anos, nesta Catedral de Brasília, eu era ordenado Presbítero, com 30 anos de idade. Estava apreensivo, assustado e até mesmo amedrontado diante da missão que Deus me confiava. Mas vinha de um longo período de discernimento vocacional, de formação no seminário; tempo em que a resposta foi amadurecendo e se consolidando e a confiança na ação de Deus, que chama, foi dando segurança na resposta.

Nestes últimos meses, desde o dia 18 de maio, voltei a experimentar a inquietude juvenil, diante do anúncio da minha indicação como bispo para a histórica Diocese de Goiás e posterior nomeação. Como Maria, vivi, num primeiro momento, uma perturbação. Assim como o Anjo Gabriel, aquele que me deu o anúncio, me encorajou a não temer, a confiar na ação divina e no criterioso discernimento que faz a Igreja. Mesmo assim, precisei ir acalmando o coração.

O primeiro sentimento que assolou o meu coração foi de medo e de que a missão que Deus me pedia comportava cruzes. Passado o susto, pude experimentar novo sentimento: a alegria de ser chamado por Deus, convocado pela Igreja. Como Maria, senti o convite: “Alegra -te, o Senhor está contigo”! (Lc 1,28). Com o coração exultando de alegria, canto a minha gratidão a Deus, pois ele viu a minha pequenez! Ele fez maravilhas, Ele faz maravilhas, Ele fará maravilhas!

Aqui estou para servir, sedento de amar, de manifestar o amor de Deus ao mundo tão carente. Desejoso de que o bom odor do óleo sagrado, derramado na minha vida, desde o meu Batismo, na fronte, nas mãos e, hoje, na cabeça, irradie num coração cheio de amor, em mãos generosas para servir, na cabeça disposta a pensar, com outras pessoas, as melhores formas para tornar o Reino de Deus presente no mundo; para que ninguém que estiver ao nosso alcance seja privado da alegria do Evangelho, sobretudo aqueles que mais sofrem.

Peço permissão para partilhar um pouco da minha história, marcada pela proximidade com os que mais sofrem, sentindo na pele a mesma dor, sem perder jamais a confiança em Deus.

Como um Abraão do seco e amado torrão cearense, fui forçado a migrar, a chorar tantas tristes partidas e apreensivas chegadas. Perambulei por muitos lugares, até chegar a Brasília, em 1981; um jovem de 19 anos, recém-saído do serviço militar obrigatório, prestado na cidade de Teresina – PI. Trazia muita saudade, muitas lágrimas foram derramadas! Mas trazia também profunda esperança de encontrar dignas condições de vida: trabalho com direitos garantidos e salário justo, condições de prosseguir os estudos. Um susto a cidade grande, mas também um encantamento.

O trabalho humilde que exerci, como a oficina de Nazaré, foi uma grande escola de humanidade e de fé, um curso de Filosofia e de Teologia, mesmo antes de ingressar no seminário, vividos na prática.

Meu primeiro emprego com carteira assinada, neste chão candango, foi de servente de pedreiro. Também trabalhei na limpeza de blocos residenciais, fui auxiliar de cozinha, leiturista de água, contínuo… sem contar uma vida de trabalho, desde a adolescência, distante do seio materno, bem como o trabalho no roçado e o auxílio nos afazeres domésticos.

A escola dos pobres foi moldando a minha vida! A luta pela sobrevivência foi fortalecendo minha história. A mão divina nunca me desamparou: fui protegido, fortalecido, guiado e iluminado por Deus.

Sou grato a Deus, pois seu amor é sem fim! (Sl 117). Grato a Ele pela terra em que nasci, pelos lugares que me hospedaram, especialmente a querida Brasília, com seus valores e contradições, que me acolheu por mais tempo e onde desabrochou a minha vocação.

Dou graças a Deus por todas as pessoas que colocou na minha vida e que contribuíram para o meu crescimento humano e cristão: meus pais, já falecidos, e que estariam muito felizes hoje; meus irmãos e demais familiares; tantas pessoas queridas que me acolheram em suas casas, ao longo das minhas tantas migrações, em busca de sobrevivência com dignidade; meus formadores, desde a infância, no seminário e outras casas de formação; meus irmãos no presbitério, os diversos bispos que fizeram parte da minha caminhada de fé, na pessoa de dom Sergio , minha gratidão a todos os bispos presentes; as pessoas queridas das diversas paróquias onde estive, como leigo e no exercício do ministério presbiteral: São João Bosco, no Núcleo Bandeirante; Senhor Bom Jesus, na Ceilândia, onde exerci o meu diaconato; Santíssima Trindade, onde fui o primeiro pároco; Nossa Senhora do Rosário de Fátima, onde mais tempo passei na vida; Nossa Senhora de Nazaré, minha última experiência pastoral.

Gratidão especial à Fraternidade Jesus Caritas, que me ajudou a cultivar, alimentar e fortalecer a espiritualidade de Nazaré, do Absoluto de Deus, do compromisso com os pequenos e do desejo de fazer-se pequeno, segundo inspiração e exemplo do Irmão Carlos de Foucauld.

Manifesto ainda a minha gratidão a Deus pelo querido Papa Francisco, por seu exemplo de pastor com cheiro de ovelhas, pelo amor aos pobres, sacramentos de Jesus Cristo. Desejo caminhar em profunda sintonia com ele, sucessor de Pedro. Agradeço-lhe por dar-me a oportunidade de servir no ministério episcopal.

Gratidão a todos e todas pelo carinho, oração, ajuda, incentivo.

No lema elegido para o meu ministério episcopal, “nas tuas mãos”, manifesto a minha gratidão ao testemunho de dom Helder Câmara, expresso o reconhecimento da minha pequenez diante da missão, mas também a minha confiança na ação de Deus, que não abandona. Expresso, ainda, o abandono da minha vida nas mãos de Deus. Concluo a minha fala convidando todos a rezarem comigo a oração do abandono que se encontra na lembrança que receberam na entrada da Catedral: “Meu Pai, a vós me abandono: Fazei de mim o que quiserdes! O que de mim fizerdes, eu vos agradeço. Estou pronto para tudo, aceito tudo, contanto que a vossa vontade se faça em mim e em todas as vossas criaturas. Não quero outra coisa, meu Deus. Entrego minha vida em vossas mãos. Eu vo-la dou, meu Deus, com todo amor do meu coração, porque eu vos amo. E porque é para mim uma necessidade de amor dar-me, entregar-me em vossas mãos, sem medida, com infinita confiança, porque sois meu Pai”.

 

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