Nos dias 18 e 19 de março, aconteceu no Centro de Pastoral, na cidade de Goiás a primeira Coordenação Diocesana de Pastoral de 2017 que contou com a participação de mais de 90 pessoas entre padres, religiosas e religiosos e leigos e leigas, representando os 23 municípios da Diocese de Goiás.
No início da manhã do dia 18 de março, foi feita uma análise da conjuntura política, social, econômica e religiosa do país. Um dos temas que chamou atenção, a reforma previdenciária que está em tramitação no Congresso Nacional e viola direitos históricos adquiridos. Dentre outros direitos violados na proposta, a exigência de idade mínima de 65 anos para aposentadoria de homens e mulheres, a necessidade de o contribuinte ter 49 anos de contribuição para ter acesso ao benefício integral, a redução do valor geral das aposentadorias, a precarização da aposentadoria do trabalhador rural e o fim da aposentadoria especial para professores.
Após a análise da conjuntura, os participantes da Coordenação Diocesana reconheceram a importância da Diocese de Goiás manifestar sua posição contrária a PEC 287/2016, confira abaixo a carta na integra.
Carta Aberta da Diocese de Goiás
“Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito.
Ouvi o seu clamor contra seus opressores, e conheço os seus sofrimentos.
Por isso, desci para libertá-lo do poder dos egípcios…” (Ex 3,7-8)
Nós, cristãos e cristãs da Diocese de Goiás, representantes de 23 munícipios do Estado de Goiás, reunidos em Coordenação Diocesana de Pastoral nos dias 18 e 19 de março de 2017, atentos e atentas aos “gritos que saem do chão dos oprimidos” e, sob a orientação de nossa missão evangelizadora, vivenciamos com muita tristeza e pesar as ameaças aos direitos sociais constituídos. Esta é a principal realidade que nos interpela no momento, em nome do Evangelho.
Constatamos perplexos a insensibilidade da Comissão da Reforma da Previdência e demais parlamentares no encaminhamento da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) n° 287/2016, enviada pelo Governo, que propõe alterar a Constituição Federal. Caso esse texto seja votado, tal como se apresenta trará grandes e profundas consequências, gerando o aumento da desigualdade social, o que é, na prática, um enorme retrocesso aos direitos fundamentais conquistados.
Entre tantos outros males provocados por essa PEC cruel, destacamos:
- A idade mínima de 65 anos para ambos os sexos, do meio urbano e rural;
- O tempo de contribuição de 49 anos para obtenção de 100% da aposentadoria, do meio urbano e rural; e
- A extinção da isenção previdenciária para as entidades filantrópicas.
O desejo do Governo é que a tramitação desse Projeto seja acelerado e aprovado, no menor espaço de tempo. Condenamos veementemente esta atitude que impede a manifestação das entidades de classe e dos clamores do povo vindos das ruas. Lembramos que tal atitude associa-se também ao Projeto de Lei Trabalhista que retira direitos constitucionais dos trabalhadores em benefício dos grupos econômicos nacionais e internacionais.
Diante do exposto, o Evangelho nos motiva, a não nos acomodarmos ou esmorecermos diante das forças contrárias a vida. É preciso nos mobilizarmos e defendermos os nossos direitos, ou mais uma vez os pobres pagarão as mordomias dos que nos governam.
Não podemos nos calar, precisamos unir nossa voz a voz dos diversos seguimentos que “DIZEM NÃO” a estas propostas perversas. Pois, enfrentar essa questão é uma posição evangélica.
Por isso, nós, Igreja de Goiás, reafirmamos o compromisso com a democracia, os direitos e garantias historicamente conquistados com muita luta e suor do povo brasileiro.
A Diocese de Goiás não se curvará diante das forças da morte!
Cidade de Goiás, 19 de março de 2017
Coordenação Diocesana de Pastoral
Pe. Antonio da Mota Bastos
Vigário Geral da Diocese de Goiás
Dom Eugênio Rixen
Bispo de Goiás