A realização da Oitava Festa da Colheita, em Itapuranga, traz como tema: “Agricultura Familiar e Agroecologia: um modo solidário de viver e salvar a terra”, O modo de vida e trabalho no campo, que parte da família e da diversidade é uma bandeira da CPT e das entidades que realizam a Festa.
Nas propriedades da monocultura instaladas no Brasil, desde o período colonial até os dias atuais, não se produz alimentos básicos, mas mercadorias para exportação. Quando começam a surgir as primeiras cidades no país, se cria a necessidade de produção de mais alimentos básicos para servir a mesa desta população urbana. Ao redor destes centros, e também de algumas fazendas de monocultivos, a história da agricultura camponesa brasileira surge.
Pagando parte da produção para os proprietários de terra, os arrendatários e meeiros, constituídos por famílias, começam a desenvolver uma agricultura diferenciada daquela até então conhecida no Brasil. Utilizando mão de obra familiar e produzindo alimentos para abastecer o mercado interno, estas famílias começam a constituir a agricultura camponesa
A Agricultura Familiar congrega, atualmente, mais de 80% dos agricultores brasileiros. Por outro lado, vemos que a área ocupada por estes agricultores atinge apenas 24% das terras brasileiras (ver Gráfico 1). É possível perceber, portanto, os impactos, na ocupação territorial, da não implementação de políticas públicas concretas de acesso à terra no país. Além da não realização da Reforma Agrária, também os incentivos à produção são direcionados, em sua maior parte, para o Agronegócio. No Plano Safra 2013/2014, de acordo com dados do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA/2014), enquanto o Agronegócio recebeu 136 bilhões em financiamento, a Agricultura Familiar recebeu apenas 21 bilhões.
A Agricultura Familiar, apesar de sua não valorização pelas políticas públicas, tem sido responsável por fornecer vários serviços à sociedade brasileira. Por exemplo, mais de 74% dos postos de trabalho no campo são gerados pela Agricultura Familiar (IBGE, 2006). Os serviços ambientais fornecidos à sociedade brasileira são imensuráveis, pois estes agricultores desenvolvem um processo produtivo que valoriza a relação com a natureza, preservando as águas, a vegetação, as espécies de interesse para a saúde e a diversidade animal. Ao mesmo a Agricultura Familiar permite a preservação dos valores culturais camponeses (Folias de Reis, Congadas, Catiras, etc.) e trata com maior justiça as questões de gênero e a juventude.
Para além de todos os serviços citados, os Agricultores Familiares são responsáveis, ainda, pela produção de alimentos que serve a mesa do povo brasileiro
A 8ª Festa da Colheita quer dar mais visibilidade aos Agricultores Familiares, e mostrar experiências e saberes construídos pelas suas comunidades. A Festa acontece em Itapuranga – Goiás, no dia 06 de junho de 2015, a partir das 15 horas. Mias informações na CPT diocesana pelo telefone 62 3371 3820, ou nas paróquias da Diocese de Goiás.